conversadetravesseiro

sábado, fevereiro 27, 2010

Guardar na memória

Escrevo para guardar na memória.
Como quem fotografa, para perpetuar imagens. Algumas, porventura invisíveis aos olhos desatentos do observador, mas presentes na mente do fotógrafo que ao revê-las revive-as, recordando todo um contexto.
Escrevo para não perder momentos. Tristes, alegres. Sempre marcantes. Momentos que me constroem. Que me desconstroem. Que sou eu.
Ao escrever tento descodificar emoções, sensações novas, ideias que me surgem em turbilhão e que as palavras organizam.
Ainda que às vezes as palavras não cheguem, e o vocabulário seja pobre. Ainda assim, ainda que para quem lê, a imagem seja fraca demais para ver todo o cenário. Para mim é suficiente para recordar o contexto, os sentimentos, as emoções.
Escrever é uma forma de reviver.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

O cacto

Apesar do dia ser de Inverno, abriste a janela.
Talvez quisesses deixar entrar uns tímidos raios de sol que teimavam aparecer entre as nuvens.
Pude ver que na parede onde antes estava o teu retrato, havia um retrato de mulher. Olhei atentamente, por escassos segundos . Era uma mulher jovem, de cabelos longos e olhar intenso. Bela, posso dizer.
Reparei que o cacto na varanda está morto. Pena que não o tenhas sabido cuidar.
Quando saíste, encontramo-nos na porta. Foi estranho. Nenhuma energia. Como se fossemos ambos invisíveis.